CARTAS AO AVESSO: Dores e lágrimas

terça-feira, 19 de maio de 2009

Dores e lágrimas

O sofrimento está disponível para todos de diversas maneiras.
Por vezes, podemos evitá-lo. Outras vezes, não.
Com a dor,outras sensações florescem como raiva, vingança, frustração.
Mas só quem já chorou sabe o quanto a alma pode ser machucada.

3 comentários:

Anônimo19 de maio de 2009 às 16:03
Mas todas essas lágrimas são a tempestade de uma proxima mudança...

E nada melhor que uma lágrima, brotando tudo para fora, deixando que o que anda dentro de nós saia ca pra fora e desague... Acabando por ir lentamente desaparecendo...

abraços e beijinhos ajudam sempre... E eu tenho muitos para ti! Bju bju
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Unknown20 de maio de 2009 às 08:43
Oi beatriz!

Esse assunto eu domino! Minha vida inteira foi e ainda é de intenso sofrimento.
Lágrimas já não há. Acostuma-se a não chorar.
Não cultivei bons aprendizados. Apenas uma experiência que consigo superar no trabalho voluntário, e vendo as crianças com Neoplasia serem muito mais fortes que eu.

Espero que não esteja sofrendo. Sei que na postagem há a mensagem apenas. Mas caso precise, pode contar comigo.

Beijos, amiga!

Mirse
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Beatriz Vieira20 de maio de 2009 às 08:49
Obrigada Sofia e Mirse pela mensagem e preocupação. Tem dias que o choro é que cura mesmo!Mas estou bem

Bjs
Bea
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CARTA - Carlos Drummond de Andrade

Bem quisera escrevê-la
com palavras sabidas,
as mesmas, triviais,
embora estremecessem
a um toque de paixão.
Perfurando os obscuros
canais de argila e sombra,
ela iria contando
que vou bem, e amo sempre
e amo cada vez mais
a essa minha maneira
torcida e reticente,
e espero uma resposta,
mas que não tarde; e peço
um objeto minúsculo
só para dar prazer
a quem pode ofertá-lo;
diria ela do tempo
que faz do nosso lado;
as chuvas já secaram,
as crianças estudam,
uma última invenção
(inda não é perfeita)
faz ler nos corações,
mas todos esperamos
rever-nos bem depressa.
Muito depressa, não.
Vai-se tornando o tempo
estranhamente longo
à medida que encurta.
O que ontem disparava,
desbordado alazão,
hoje se paralisa
em esfinge de mármore,
e até o sono, o sono
que era grato e era absurdo
é um dormir acordado
numa planície grave.
Rápido é o sonho, apenas,
que se vai, de mandar
notícias amorosas
quando não há amor
a dar ou receber;
quando só há lembrança,
ainda menos, pó,
menos ainda, nada,
nada de nada em tudo,
em mim mais do que em tudo,
e não vale acordar
quão acaso repousa
na colina sem árvores.
Contudo, esta é uma carta.

Livro Aberto, de Germano Gonçalves

Eu gosto de livro, dos livros.
Livros abertos, livros fechados,
e até os lacrados, intocáveis.
Gosto da capa, das capas.
Do formato, em qualquer estado.

Dos prefácios, das palavras fáceis.
Das orelhas e, lombadas.
Da capa dura, da brochura, espiral.
Livros de romance, contos e espiritual.

Poemas, crônica e policial.
Das primeiras paginas,
dos dados de catalogação, Copyright.
Eu gosto dos agradecimentos,
das homenagens e dedicatórias,
dos índices, apêndices, das paginas do miolo.

Do papel em que passo o olho,
dos escritores e escritoras,
dos poetas e das poesias.
Eu gosto do que lia, escrevia.
Eu gosto de livro, dos livros.

Da folha em branco.
Da escrivaninha, de um orador, do computador.
Da folha com linha nasce o mais ilustre, filho do homem.
És livre, tornando a realização, de toda sua existência.
O livro vem de dentro, não vem do ventre.
Vem do coração, vem da mente.
Deixe-o perto, deixe o livro aberto.