quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ler além das palavras

QUADRILHA (Carlos Drummond de Andrade)

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Apesar de ser uma análise curta, me atrevo a comentar algo que aprendi e que gostaria de compartilhar com meus amigos: ter olhar mais apurado para uma obra.
Em Quadrilha de Drummond, já iniciamos percebendo a ideia do contexto com o título que está se referindo a uma dança típica das festas de junho (juninas) onde os casais vão se alternando nos pares. Em breves linhas o poeta retrata a dança de relacionamentos, e o quanto isso pode comprometer toda uma vida.
Verificando de trás para frente, Lili se casou aparentemente por interesse pois seu marido é citado apenas pelo sobrenome, sinal de ostentação para os mais abastados. Além disso, lemos que Lili não amava ninguém e que assim não poderia se casar por amor.
O Joaquim que amava Lili, sabendo que ela não amava ninguém, cometeu suicídio. E a Maria que amava Joaquim não se casou com ninguém pois seu amor morreu.
O Raimundo talvez seja o único que não tenha morrido por amor, já que foi vítima de um fatídico desastre, que no entanto desconsolou Tereza que o amava. Ela tão desalentada da tragédia de sua vida resolveu ir para um convento, e o João que a amava foi embora do país desistindo de seu amor pela freira Tereza.
Interessante, não?!
Muitas vezes lemos superficialmente algo e não aproveitamos o rico contexto que possui.

Se souber de mais alguma informação sobre “Quadrilha”, fique a vontade para postar.

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