quarta-feira, 20 de março de 2013

Poesia contemporânea

Quando falei recentemente em uma entrevista ao Jornal da Manhã, de Criciúma que poesia é mais que nostalgia, estava me referindo às novas roupagens que a poesia moderna assumiu.
E eu também tive que ir atrás para conhecer, repensar e refazer meus conceitos.
 
Uma das autoras das quais me indicaram para essa mudança de pensamento foi Angélica Freitas. Segue uma de suas poesias:
 
 

ringues polifônicos
1.

entre ringues polifônicos e línguas multifábulas
entre facas afiadas e o elevado costa e silva
entre dumbo nas alturas e o cuspe na calçada
alça voo a aventura na avenida angélica
e hoje de manhã trabalha e amanhã avacalha
a viação gato preto colando um chiclete
adams de menta no assento daqueles bancos de trás
entre ringues polifônicos e tênis alados
entre paulistas voadores e portadores esvoaçados
de baseados no bolso das calças jeans
entre o canteiro central da paulista e a vista do vão do masp
entre os que eu quero e os que queres de mins

2.
dos ringues polifônicos da cidade de são paulo:
entre valsas e velórios e invertidos convulsivos
entre a puta enaltecida e enrustidos explosivos
entre a abertura da boca e o último trem pra mooca
entre os ringues polifônicos e a queda da marquise
morreu ontem executada a poor elise



Fonte: Angélica Freitas. Rilke shake (São Paulo: Cosac Naify, 2007)

Nenhum comentário:

Postar um comentário