terça-feira, 21 de outubro de 2008

Meu primeiro conto

Ilustração de Chris Andrews
Exercitando o que venho aprendendo da Oficina de Formação de Escritores, segue um dos primeiros contos que produzi lá:

Rasgado

Suas mãos buscavam tocar a ferida próxima do umbigo. A sensação úmida o fazia pensar que estava sangrando. Buscava ser doce com seu corpo, mas realista com suas frustrações.
Com um cobertor de pelos que cheirava a guardado e suor ele tentou proteger sua chaga. Esfregou os dedos no travesseiro para limpar do líquido que escorria da ferida e voltou a dormir.
Rompeu a noite em transgressões. Mas ao acordar via que era romântico demais para realizar o que os sonhos mostraram. Por isso negava o tempo todo suas indagações:
- Não poderia fazer um café para mim?
- Você não sabe me dizer onde fica essa rua?
- Não quer me ajudar ..?
Não, ele não queria mudar o sonho, e também não queria limpar a ferida.

4 comentários:

  1. Nossa, deu uma agonia! Gostei, formaram-se imagens bem vívidas na minha cabeça... Parabéns!

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  2. é tão bom ter uma ferida, não é?
    o ritual de ter que limpá-la também me atrai...rss

    manda esse sim!
    beijoca

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  3. Perdi a conexão da ferida e do sonho. Mas gostei bastante do final: "não mudar o sonho, tampouco a ferida".

    Bjs!

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  4. Oi Poetriz!
    Na minha visão ele era uma pessoa que queria ser mais audacioso, mas não tinha coragem de mudar, ou de mexer na ferida.
    Sonhava ser uma pessoa corajosa, mas acordava e estava ali..sem mudar nada.

    Obrigada pelos comentários

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