quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Uma ótima descoberta: Evandro Affonso Ferreira

Nessa semana estive na Maratona de Leitura do SESC, aqui em Criciúma e me apresentaram um peculiar escritor brasileiro:

Evandro Affonso Ferreira.
Mineiro de Araxá, nascido em 1945, autodidata, foi redator publicitário por 20 anos. Montou um sebo com os 3.000 livros que tinha em casa e, no dia 26 de outubro de 2000, aos 55 anos, lançou seu primeiro livro, "Grogotó!", com 73 contos pequenos, alguns com menos de 30 palavras, que trazem em si histórias inteiras, com fechos trabalhadamente inesperados, surpreendentes.
Depois, vieram "Araã!" (2002), "Erefuê" (2004), "Zaratempô!" (2005) e "Catrâmbias!" (2006). Seu estilo cativou o conhecido escritor Moacyr Scliar, que afirmou: "Seus contos, muito curtos - raros são aqueles que ultrapassam meia página - primam pelo refinamento, pela precisão da linguagem. É possível definir duas influências, ou pelo menos duas afinidades em seu trabalho: com Dalton Trevisan e com Guimarães Rosa. Do primeiro ele tem o humor cruel, escatológico até ("Pobrezinha, não agüenta mais o futum dos meus puns."). E, como Rosa, ele vai buscar na pitoresca, mas simbólica linguagem popular do Brasil os termos e as expressões que, misturadas à frase de caráter mais erudito, dão um peculiar fascínio a seu texto."

E aqui, uma amostra de seus divertidos mini contos:

Suspicaz
Você anda muito desconfiante, querida, muito desconfiante, sinto isso no fundo da alma, de mais a mais é preciso dizer que não existe homem em tais condições inteiramente fiel, não existe, nem mesmo Diógenes com sua lâmpada conseguiria encontrá-lo em plena luz do dia, de modo que você precisa acabar de vez com isso, querida, do contrário, não lhe trarei outras flores no próximo finados.

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