Trecho de Fabrício Carpinejar, disponível em Cronópios
Artigo completo: Epístola aos Blogueiros
"Há a idéia equivocada de que todos os leitores do mundo estão esperando sua publicação, que basta acenar para a luz do sol que imediatamente será linkado, sugerido, alardeado. Ao deixar minha casa, não recebo nenhuma proposta sedutora no caminho. Nunca encontrei nenhum editor no metrô. O que me leva a constatar que o blog é o metrô da internet.
Escrever na rede é uma tentativa de suicídio, chamar atenção dos outros para a nossa carência. Um aviso escandaloso da nossa fragilidade. Pensando bem: publicar é um suicídio frustrado. Quando o ímpeto de sair da vida é usado para entender a própria vida e as dificuldades enfrentadas pelos demais autores.
Uma das virtudes do blog é justamente sua provação. Agüentar os contratempos no osso. Ver que não é um elogio que o fará continuar, muito menos uma crítica que o fará desistir. Que nascer para a letra é amar a insuficiência. O escritor se sucede progressivamente. Melhora. Estar sozinho é ainda estar povoado. Povoado por dentro. Pelos personagens, pelas histórias familiares, pela observação aprofundada dos seus arredores. Só quem foi fantasma um dia poderá alimentar seus fantasmas. "
Blogar é um serviço sujo... Mas alguém tem de fazê-lo!
ResponderExcluir"Blogar" pode até ser serviço sujo em noventa e nove vírgula nove porcento dos casos. Mas também é asséptico, em blogs como esse da Beatriz: limpo, sensato, objetivo e que dispensa frequentemente comentaristas do meu naipe.
ResponderExcluirAdorei esta epístola. Lembro no entanto, que quem não tem como encontrar reconhecimento, a saída é o blog. Não é o meu caso, pois escrevo desde os nove anos, e nas mudanças da vida, fui perdendo minhas memórias citadas em versos. Fui encorajada a abrir um blog e escrever. Fiz e não me arrependo. Pelo menos conheci você, Beatriz.
ResponderExcluirOs textos de blogs, já estão sendo estudados em muitas faculdades!
Beijos
Mirze
Beatriz,
ResponderExcluirHá blogs que expõem intimidades, com apelos extra-literários ( ou para-literários), e há blogs literários. Que seriam, com proveito para editores de visão, revertidos / convertidos / traduzidos / transpostos em excelentes livros. O raciocínio do Fabrício está certo. Mas há uns poucos blogs que são literatura quase em estado puro.
Abraços,
Marcelo.